Brasil - O número de páginas e posts nas redes sociais com teor preconceituoso aumenta a cada dia desde a divulgação do resultado das eleições presidenciais no último domingo.

Apenas nas 24 horas após o resultado da corrida eleitoral, a ONG SaferNet recebeu 421 denúncias sobre 305 novas páginas que foram criadas no Twitter e no Facebook, com o objetivo de promover o ódio e a discriminação contra a população nordestina. SaferNet é uma organização não governamental que se consolidou como entidade referência nacional no enfrentamento aos crimes e violações aos Direitos Humanos na internet. De acordo com o diretor-presidente da ONG, o cientista da computação Thiago Tavares, existem indícios de que parte desses ataques preconceituosos na internet são criados por grupos de orientação neonazista.

"Se a gente comparar o dia 26 de outubro com 26 de outubro de 2013, ou seja, de um ano atrás, esse aumento foi de 662,5%. E se a gente comparar o dia 26 de outubro com o dia 5 de outubro, que foi o dia do resultado do primeiro turno das eleições, o aumento foi de 342%. Então, é um aumento exponencial no número de novas páginas criadas. A gente percebeu que muitas dessas páginas, elas estão sendo criadas por grupos de extrema direita, alguns deles de orientação neonazista."

De acordo com o diretor-presidente da ONG SaferNet, Thiago Tavares, as páginas nas redes sociais, na internet, que possuem violações aos direitos humanos vão ser investigadas. Os autores de posts com esse teor podem ser punidos. Tavares explica que, tanto quem cria, quanto quem compartilha um conteúdo de ódio e preconceito podem ser responsabilizados criminalmente.

"Pela Justiça, no sentido de condenar usuários que usaram as redes sociais para promover esse tipo de preconceito. Então, essas mensagens podem sim gerar consequências criminais. A gente só precisa separar um pouco o que é o movimento de grupos que estão se aproveitando do momento para tentar desestabilizar o país, promovendo o ódio e a segregação, e daquele comentário de um cidadão que, eventualmente, esteja ali tentado extrapolar ou exacerbar suas opiniões e acabe não pensando direito antes de postar."

Qualquer pessoa pode denunciar crimes de preconceito que ocorrerem na internet. A partir da denúncia, o Ministério Público Federal faz uma análise prévia, realiza investigações sobre o caso e, se for averiguado algum crime, envia o caso para a justiça. O cidadão pode realizar a denúncia pelo site do MPF: www.cidadao.mpf.mp.br


Informações e reportagem, Aline Reis